segunda-feira, junho 03, 2013

Vitor e Lu Cafaggi no Tempo

Link da matéria original: http://www.otempo.com.br/cmlink/lu-e-vitor-cafaggi-1.654516

Dupla de irmãos nascidos em Belo Horizonte se encarregou de reinventar os personagens a Turma da Mônica, que marcaram a infância de várias gerações de brasileiros. Com muita habilidade, criaram “Laços”, uma história cheia de ternura que chega às bancas em junho.

A voz mansa é só mais uma entre as várias características que os irmãos – e melhores amigos – Lu e Vitor Cafaggi compartilham. Não é preciso conhecê-los pessoalmente ou mesmo ouvi-los falar por muito tempo para perceber que outra coisa que têm em comum é a sensibilidade. Aliás, para isso, basta ver seus desenhos: traços cheios de delicadeza e expressividade, ainda que cada um com uma personalidade própria. Não por acaso, os dois belo-horizontinos são os responsáveis pela graphic novel “Turma da Mônica – Laços”, a ser lançada em junho. O volume é o segundo de, por ora, quatro integrantes do projeto “Graphic MSP”, em que novos quadrinistas são encarregados de reinterpretar personagens de Maurício de Sousa.

O desenho é de onde eles partem para falar de temas como amizade, companheirismo e cumplicidade. Foi justamente por isso que a Maurício de Sousa Produções os encarregou da releitura de seus personagens principais – Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão (a primeira Graphic MSP da série foi estrelada pelo Astronauta e feita pelo quadrinista Danilo Beyruth. Já estão confirmadas uma do Chico Bento e outra do Piteco). “A gente sempre coloca muito de nós mesmos, das nossas experiências e de sentimentos no que fazemos. Além disso, infância e amizade são temas muito presentes no nosso trabalho. Foram esses aspectos que os responsáveis pelo projeto tinham em mente quando nos ‘deram’ a Turma da Mônica”, justifica Vitor.

Laços
Dez anos separaram o nascimento dos irmãos, mas são também responsáveis por sua aproximação. Vitor, 35, é o mais velho e sabe que tem alguma responsabilidade sobre o que a caçula se tornou. “Eu sou o do meio, nós ainda temos um irmão, que é quatro anos mais velho que eu. Com ele, eu brigava bastante. Mas com a Lu, não. Além dela ser menina, eu já tinha certa maturidade quando ela chegou e isso nos fez ficar muito próximos. Nós brincávamos muito juntos, eu gostava de ler e mostrar quadrinhos para ela e acabamos desenvolvendo muita coisa em comum”, conta.

Lu, por sua vez, vê em “Tinho” – como chama o irmão – um espelho. “Quando eu era criança, ele via o que eu gostava e me estimulava. Foi ele quem me ensinou a treinar meu olhar, para que eu fosse capaz de expressá-lo por meio do desenho”, afirma, reafirmando sua gratidão.

Vitor e Lu cresceram rodeados de revistinhas em quadrinhos em sua casa. Seus pais, um advogado e uma dentista, sempre incentivaram e até usavam o gosto dos filhos a seu favor. “Se eu me comportasse e fizesse sem reclamar as coisas que não gostava de fazer, como ir ao médico ou cortar o cabelo, minha recompensa era uma revistinha”, conta Vitor.

O hábito de desenhar e criar histórias começou como brincadeira, como acontece com a maioria das crianças. Tímido, Vitor utilizava o desenho como forma de socializar e acabou fazendo faculdade de Design, para transformar o hobby em profissão. Entre experiências como designer, empresário e professor, só há cinco anos ele trabalha efetivamente com quadrinhos.

Assim como o irmão, Lu também sempre foi tímida, mas ao contrário dele, se envolveu com outras formas de expressão, como a dança e o canto. Mais velha, preferiu estudar jornalismo. “Estou chegando ao fim do curso e resolvi juntar duas paixões, fazendo uma série de reportagens em quadrinhos como trabalho de conclusão. No fim das contas, o que me interessa é poder contar histórias, atingir as pessoas e me comunicar”, explica.

Ídolos
Recentemente, Vitor e Lu foram a São Paulo conhecer os estúdios da Maurício de Sousa Produções. Em seu perfil numa rede social, Lu descreveu a data como “o melhor dia de sua vida”. Em uma série de fotografias, ela demonstra a grande emoção que sentiu e dá a dimensão de sua admiração por Maurício, chegando a usar a frase “Deus tirou foto da gente” como legenda de uma imagem do cartunista fazendo uma foto dela e de seu irmão.

Além do pai da Mônica, ambos admiram o norte-americano Bill Watterson, autor da série de tiras Calvin e Haroldo. Vitor se diz muito influenciado pela cultura dos anos 80 e é fã do Homem-Aranha, tanto que suas primeiras tirinhas contavam histórias da infância de Peter Parker. Lu elege Vitor como grande influência, mas também busca referências nos filmes da diretora Sofia Coppola e no trabalho do quadrinista francês Cyril Pedrosa.

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