quarta-feira, agosto 12, 2009

Rodin na Casa Fiat

Construir uma obra capaz de sobreviver ao teste do tempo, ser reconhecida pelas gerações futuras, virar ícone em boa parte do mundo, se tornar objeto de desejo e ainda fazer parte do imaginário popular é o destino de poucos. Auguste Rodin (1840-1917), escultor francês que ganha nesta quinta, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, uma importante exposição de esculturas e fotos raras registrando seu processo criativo, é, não por acaso, um desses casos. Sua importância para a história da arte é crucial.


Rodin, quando aparece, representa uma ruptura na linguagem da tradição escultórica francesa do século 19, caracterizada pelos aspectos monumentais, pelo diálogo com a literatura e cenas da história e exemplificada em obras como a Divina comédia, do italiano Dante Alighieri. Ao mesmo tempo, mantém como referência forte a obra do pintor, poeta e arquiteto renascentista italiano Michelangelo. “A maior tentativa de Rodin foi dialogar modernamente com esse artista. Queria ser tão titânico e grandioso, algo como o Michelangelo do tempo dele”, explica Renato Brolezzi, professor de história do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Rodin conseguiu.


Na busca de questionamentos e no diálogo com aspectos da escultura daquela época é que apareceu sua grandiosidade. Assim como Michelangelo, ele explorou a anatomia dos corpos, que sofreram torções, dando a sensação de movimento. O tempo todo tentou dramatizar os gestos ao limite com a intenção de forçar o espectador a girar no entorno da peça. Suas criações ganharam ainda uma independência e autonomia da literatura, não sendo mais necessário recorrer aos textos para compreensão das peças.


A técnica utilizada na feitura das esculturas também representou uma ruptura. Ao contrário do artista renascentista, que esculpia com as próprias mãos o bloco de mármore, Rodin, depois de desenhar, esculpir em formato menor em argila e fazer os moldes em gesso, passava a contar com ajudantes para ampliá-las em outros materiais. Raramente Rodin enfrentou a pedra esculpindo-a. “A autoria está na ideia, não na feitura, que pode ser artesanal ou não”, explica o professor.


A partir desta quinta-feira, na Casa Fiat de Cultura, no Belvedere, serão apresentadas 194 fotografias originais retratando o processo criativo de Rodin em seu ateliê, de 1880 a 1917. Muitas das 22 esculturas em bronze e mármore originais vão espelhar as cenas retratadas nas imagens. A mostra se completa com a presença da monumental escultura Les trois ombres (As três sombras), retirada pela primeira vez do Museu Rodin, em Paris. Também estarão expostas a versão de L’éternel printemps (A eterna primavera), bronze concebido em 1886, e a escultura Les bénédictions (As bênçãos), uma de suas mais bonitas peças em mármore, feita entre 1896 e 1911.Rodin: do Ateliê ao Museu – Fotografias e Esculturas


A partir de quinta-feira, na Casa Fiat de Cultura, Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250, Belvedere.

Entrada franca.

De terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 14h às 21h.

Há transporte gratuito: saídas de terça a domingo, Praça da Liberdade/Casa Fiat de Cultura, a partir das 9h30, a cada uma hora e meia. Sábados, domingos e feriados, a partir de 13h30, a cada uma hora e meia. Informações: http://www.casafiatdecultura.com.br/ e (31) 3289-8900.

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